sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Rádio Resenha

Antes de começar a resenha sobre a rádio de hoje apresento os motivos da série que inicia agora. Cresci ouvindo rádio FM. Gostava mais de uma música tocando no rádio que no toca discos. No rádio a música sempre pareceu mais viva, os locutores falam com a gente nos dando a sensação de estarmos conectados com a cidade.
No rádio sabemos qual é a música do momento, ouvimos as antigas, as notícias são mais rápidas que a TV ou o jornal. Eu não costumava ouvir rádio em Cuiabá, mas desde que anunciaram uma rádio nova vi que era preciso ouvir para contribuir.

Centro América FM

Proposta
A nova rádio me motivou a resenhar todas as rádios de Cuiabá. Comecei a ouvir a Centro América as 9 da manhã. Um programa chamado "Faixa Executiva" trazia sucessos estrangeiros (americanos em sua maioria) dos anos 80.

A Centro América FM parece pensada para um público adulto, com maior renda que os públicos jovens. Um público que procura o conforto do que já conhece. A rádio não traz novidades, apesar da publicidade televisiva anunciar algo de novo.

Na busca de um público adulto a rádio não se esforça em ser culta, ficando na obviedade de seleções musicais dos anos 80 e começo dos 90. O estilo musical, chamado de "música de elevador", ficou conhecido assim porque preenche o ambiente sem chamar muita atenção, como acontece com a música de elevador que serve para ocupar o silêncio entre desconhecidos em contato muito próximo.

Identidade
Como novidade "A Rádio" decepciona. Parece ter muita qualidade técnica e bom senso na produção de vinhetas (ainda são poucas). Para uma rádio que está buscando espaço a repetição e variedade de vinhetas é insuficiente para marcar sua identidade.

Dinâmica
Em 1 hora e meia tocaram 4 músicas nacionais (Skank, Tim, Maia, Lulu Santos e Engenheiros do Havaí) também antigas. Nesse período de tempo a locutora (de quem não ouvi o nome) disse a hora 4 vezes, e deu uma notícia curta sobre trânsito. Até o meio dia disse como estava o tempo e a umidade do ar mais duas vezes.

A tarde a programação musical segue como sendo único atrativo no programa chamado "Sequência de Classe", músicas mais recentes, mas com menos intervenções do locutor. Ouvi por 4 horas, a partir das 13 horas.

Notícias
Há curtos flashes em spots gravados chamados Centro América News. Ouvi um pela manhã sobre trânsito e um a tarde, sobre exportações do agronegócio. O curioso é que depois do informativo é anunciado que teremos mais notícias daqui a 1 hora. Leva mais tempo que isso para haver notícia.

Interação
Não parece ter espaço de interação. Durante a manhã a locutora deu o telefone da rádio duas vezes. À tarde não ouvi.

Site
O site permite ouvir a rádio com um pequeno delay. Apenas ouvir a rádio, nada mais que isso.
Sem contatos, sem programação, sem locutores. Há um falso link que diz: entre em contato com a radio.

Twitter
Existe mas não é usado. Sem notícias, sem interação seria melhor nem ter twitter.

Diferencial
Numa cidade como Cuiabá, onde a tradição de rádio é pequena, uma rádio que se propõe a inovar precisa buscar uma programação mais quente. Isto é, ter mais tempo de locução, interação, notícias específicas sobre Cuiabá e as músicas "do momento". Isso não significa que a Centro América FM deve tocar Luan Santana. Para cada estilo e público existem as músicas recentes e de sucesso, as músicas "do momento".

Programas de flashback fazem sucesso certo, mas uma programação inteira de flashback corre risco de cansar o ouvinte.

Anunciantes
Em todo esse tempo ouvi quatro anunciantes apenas, contando com a prefeitura de Cuiabá. A rádio está em caráter experimental ou realmente está tendo dificuldade com anunciantes?

Êxodo de ouvintes
Nesse momento em que nossos set lists ficaram imensos, copiar música acontece em bluetooth de celular para celular, uma programação exclusivamente musical não é suficiente para segurar a audiência de um público de classe média, adulto. Mesmo não sendo o público da ponta tecnológica é uma parcela já envolvida nas formas digitais de trocas de música.

Música não é suficiente para segurar a audiência porque hoje qualquer um tem, no seu computador, no IPod, MP3 player ou celular, mais músicas do que consegue ouvir. Uma rádio musical precisa se mostrar à frente dos seus ouvintes, com informações privilegiadas de mídia e com novidades musicais.

A empresa
O empreendimento do Grupo Zaran já ocupava o dial 99,1 da capital a algum tempo. O que foi inaugurada é uma programação com locutores já que a rádio transmitindo apenas música só garantia ao empresário Ueze Zahran o direito da consessão.

A forma das consessões são tão atreladas a figura do empresário ou político que o empresário já planeja abrir mais uma rádio em Sorriso e outra em Rondonópolis. Ele não considera a possibilidade de não ter consessão.

O empresário é dono da Copagaz, da fazenda Chaparral, do Haras Zahran em Mato Grosso do Sul, da TV Centro América e mais seis emissoras de TV em MT e MS.

2 comentários:

  1. gostei tanto dessa ideia de resenhar rádios e da resenha, dividida em tópicos.

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  2. muito bom o comentario meu caro Augusto,acho que a radio centro america fm deixou muito a desejar,radio cansativa,sem falar dos apresentadores do jornal da manhã,que erram bastante,passando informaçoes erradas,desisti de escutar.
    Carlos Motta.
    Cuiaba-mt

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