domingo, 16 de maio de 2010

Sessão Iconoclastia

O medíocre Chico Buarque

Com freqüência preciso fazer viagens longas de ônibus. Nessas viagens costumo preencher meu MP3 player com muitos álbuns diferentes, artistas diferentes. De um tempo pra cá comecei a mudar. Escolhi um artista e mergulhei na sua obra. Pra ser um artista é preciso uma discografia longa porque a viagem dura 12 horas. Ouvi Milton Nascimento em uma e Beatles na outra. Posso falar deles depois.

Na terceira viagem peguei toda a obra de Chico Buarque. Fui ouvindo com o cuidado de quem aprecia coisa fina. O compositor de Geni e o Zepelin, Meu Guri e Construção tem obras monumentais. Músicas feitas para impressionar e fazer história. Mas essas são uma ou três, quando muito, em cada disco.

Fiquei surpreso ao perceber que a maior parte da obra de Chico Buarque é formada de sambinhas que passariam batido se não fossem de Chico Buarque. Chico é um sambista e suas valsinhas, suas músicas grandiosas são resultado de um trabalho extra de composição. Um esforço maior.

Nelson Motta (quero falar dele em outra oportunidade) em seu livro Noites Tropicais conta que, ainda muito novo, seu Chico já era considerado o gênio da música brasileira. Qualquer coisa que ele compunha se tornava patrimônio nacional. Vencedor de alguns festivais seu Chico já não estava vendo graça nas competições. Já pensava em não concorrer mas todos o levaram a inscrever uma música. Inscreveu Sabiá, uma música sem vida, saudosa que lembra a Canção do Exílio de Gonçalves Dias. Pois aclamaram a música como vencedora! E ela passou a frente de Pra não dizer que não falei das flores de Geraldo Vandré e uma das músicas mais cantadas do Brasil: Andanças.

Seu Chico, quando é brilhante, é parnasiano. Fica mexendo nos versos até alcançar o “verso de ouro”. O natural de Chico são os sambinhas. Ouvindo sua obra inteira, entre os picos de genialidade e suas composições de preencher disco, concluí que seu Chico está na média dos grandes compositores do Brasil. Ele é medíocre, mediano pra que eu não seja apedrejado.

Me soa muito diferente de Paulinho da Viola outro sambista de carreira longa que também começou jovem e também é um patrimônio nacional. Paulinho é despretensioso, sua música parece ser exatamente o que nasceu pra ser.

Um comentário:

  1. Resposta ao Guto Pêra:
    Pô, vc, pelas conversas parece tão inteligente me manda um comentário medíocre desses... que não cita uma cifra de música para justificar o que está falando... De sambinhas todos nós já sabíamos, de marchinhas e valsinhas... O que pegou na música de Chico Buarque de Hollanda foi a LETRA, que algumas pessoas exageram e chegam a chamar de poesia (exceto Construção) toda obra de Chico (exceto as parcerias com Tom, Francis Hime e Edu Lobo, para citar outros) é CANÇÃO, que denominamos MPB.

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